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Negras Memórias, nas garatujas do tempo

  • Foto do escritor: Jaíne Sangon
    Jaíne Sangon
  • 11 de out. de 2020
  • 2 min de leitura

Capa do livro. Fonte: Arquivo pessoal

Negras Memórias, nas garatujas do tempo, é um livro de poemas, lançado em 2014, e que acolhe mais de duzentas páginas de versos poéticos e singulares do autor José Mário Conceição Zeferino (Mazé), ele é santamarense, professor de história e candomblecista. A poesia presente no livro tem traços que revelam a história de um povo, de uma cidade e de culturas que se interligam e se diversificam.

Mazé apresenta no título do livro intensos indícios dos poemas, já que esses constroem imagens das memórias do eu lírico. Quem é de Santo Amaro se identifica, e quem não é passa a conhecer algumas particularidades da história da cidade. Inclusive, as cabaças ilustradas na capa também são representativas de elementos que indicam o teor de muitos versos.

Fonte: Facebook do autor.

Para além do município, as memórias afetivas do eu lírico remetem-se à sua infância, aos parentes, à família e às trajetórias.

Ao ler os poemas, é possível imaginar e compartilhar a dor que é sentida com o descaso para com o rio Subaé, mas, ao mesmo tempo, podemos sentir a brisa do fim de tarde na rua do Sacramento e lembrarmos das nossas mães e avós pretas.


Fonte: Facebook do autor

O livro também traz bastantes referências religiosas, sincretismos e presença forte e afirmativa de matriz africana, suas práticas, símbolos, religiosidades, descendências culturais e representações. Temos, ainda, a denúncia ao racismo e, ao mesmo tempo, a valorização da negritude.

Quanto à forma da escrita, apresenta algumas musicalidades, rimas, e são textos inaugurais, já que é o primeiro livro solo do autor. Alguns poemas foram mais cautelosamente trabalhados do que outros e a impressão gráfica provocou alguns problemas no designer das páginas e versos, contudo, o conjunto faz do livro uma obra fundamental.

Deixo alguns trechos dos poemas para vocês conhecerem. Leiam conterrâneos.


"Ando só, noite adentro, à procura de alento!...

O cotidiano proporciona-me tormentos!...

Ando só, por toda a madrugada...

Quem sabe encontro-me com a fada, alada:

Não necessitará me dizer nada, basta que, mesmo silenciada

Faça-me sentir uma pessoa acolhida, amada."

-O Andarilho...


"Aonde o samba me leva

Aonde o samba me levou

Agradeço aos meus tios, minhas tias e vovô"

-Aonde o Samba me Leva


"Aquele espectro de chumbo

Quando ali se instalou

Prometendo mundos e fundos

Bonança e louvor

Muito emprego, prosperidade: Ao povo enganou.

Muitas mortes com chumbo no sangue;

Subsolo contaminou...E o rio Subaé!?!

Nenhum peixe procriou. Poluído e assoreado

Morte em seu leito se instaurou" -Lamento dos Aflitos I.


"...Abençoai todos que passam diante da sua imponente

casa na praça de sua menção;

Não nos esqueçamos dos terreiros

e das casa de orações...

Essa terra é eclética, pois acolhe a todos

e todas as crenças e religiões...

Acalenta com ternura se se tem aflição!..."

-Cordão umbilical.

Conheça as redes sociais do autor:

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Gráfica: PoloBooks



 
 
 

2 Comments


claudiomatamata47
Oct 13, 2020

Este livro representa a descoberta de um potencial linguístico que se encontrava contido e precisava aflorar com a arte e a cultura, já tão presentes na vida de MAZÉ. O livro é, portanto, a mais bela sintetização da sua maneira de viver e conviver, transformadas em poemas, poesias e canções do mais " fino trato" (expressões suas) para o deleite de todos.

Parabéns, MAZÉ!

Cláudio Mata.


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jmaze
Oct 12, 2020

Olá!

Saudações santamarense!

É com muito prazer e hornra que recebo esse presente maravilhoso, com palavras contundentes e dê críticas relevantes bem como o olhar observador sobre as ideias contidas no livro.

Parabéns pelo excelente trabalho Jaine.

Obrigado

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